quinta-feira, 12 de junho de 2008

COMO SE FORMA O CARBONO 14

Como se forma o carbono 14

A datação por carbono 14 baseia-se num simples fenómeno natural de alteração de carbono-14 ou radiocarbono.
Quando a alta atmosfera é bombardeada por radiação cósmica, o nitrogénio atmosférico ou nitrogénio-14 é quebrado, por reacção com neutrões da radiação cósmica, num isótopo instável de carbono – carbono-14 (C-14) ou radiocarbono.
Depois de produzido o radiocarbono é rapidamente oxidado em dióxido de carbono (CO2), que dispersa se pela atmosfera e é trazido para a superfície terrestre pela actividade atmosférica. Na sua maioria é absorvido pelos oceanos, mas 1% é absorvido pela fauna e flora terrestre com as plantas, em especial, a absorverem carbono atmosférico (carbono-12 e carbono-14). Por reagir como o carbono-12 e carbono-13, o
carbono-14 liga-se a moléculas complexas orgânicas através da fotossíntese e torna-se parte da composição molecular da planta. Qualquer animal que ingira essa planta absorve também o carbono-14 e os isótopos estáveis. A proporção de carbono-14 para carbono-12, em organismos vivos é aproximadamente a mesma que a da atmosfera (um átomo de carbono-14 para 1,000,000,000,000 átomos de carbono-12), como se trata de um isótopo instável está constantemente a alterar-se por emissão de electrões, no entanto, a proporção de carbono-14 em organismos vivos mantém-se relativamente a mesma, devido ao ciclo contínuo da radiação cósmica na cadeia alimentar. Após a morte do organismo, o ciclo termina e o carbono-14 deixa de estar cumulativamente presente no organismo, e a sua percentagem começa a decrescer, alterando-se para nitrogénio-12. A taxa de alteração é medida através do meio-ciclo do carbono-14, onde metade da quantidade original de carbono-14, presente no cadáver do organismo vivo, se altera para a forma de nitrogénio-12, em cada 5730 anos em média. A idade radiocarbónica de uma amostra, é baseada na medição da quantidade residual de carbono-14, que comparada com concentrações actuais, indicia uma estimativa de quanto tempo passou desde a morte do organismo. Apesar da alteração do carbono ser constante e não ser influenciada por condições ambientais, é variável e está sempre presente um factor de erro ligado à estimativa de idade.
As medições radiocarbónicas, são sempre nomeadas em: anos antes do presente years before the present (B.P.) – onde o “presente” é definido por convenção, como 1950. Sendo que com esta data “presente”fixa, é possível comparar datações radiocarbónicas sem ser necessário saber o ano em que as datas foram calculadas. Deve-se, no entanto, notar que apesar de as datas de radiocarbono serem consideradas datas de calendário, raramente constituem aproximações estatísticas. Os resultados da análise de radiocarbono incluem dois tipos de valores: a estimativa em média de idade e o erro tipo, ou seja, o nível de erro estatístico que reflecte
a natureza ocasional da emissão radioactiva e outros factores que podem afectar as medições. Este factor de erro é crítico na aferição da probidade da própria marco temporal em que se encaixa a provável data, sendo que a datação por radiocarbono não indica uma particular e específica data, mas sim uma marco temporal onde provavelmente se encaixa essa mesma data específica. Um resultado de 9000±100B.P. indica que há uma possibilidade de 67%, de a data real se encontrar entre 8900 (9000 menos 100) e 9100 (900 mais 100 anos) B.P., duplicando o factor de erro para 8800-9200 B.P. aumenta a ocorrência para 95%, da data se encontrar dentro
desta baliza. Assim, há um compromisso na interpretação entre a precisão da data por radiocarbono e a confiança que o arqueólogo terá nela. Então, o factor de erro torna-se tão significativo como a estimativa de data, pois sem este torna-se impossível determinar a precisão da medição.
Actualmente as técnicas de datação por radiocarbono conseguem datar quase qualquer material orgânico (que contenha carbono), sempre que a amostra seja de dimensão suficiente para tal.
Devido a rápidas alterações na intensidade solar no séc. XVII, à combustão de grandes quantidades de combustível fóssil na segunda metade do séc. XIX e à produção de carbono-14 artificial na atmosfera com a detonação de engenhos atómicos, particularmente nos anos 50 e 60 do séc. XX, é difícil datar correctamente materiais com menos de 300 anos, usando o método do carbono-14. O material mais usado para datar é quase sempre o carvão vegetal apesar de, em princípio, qualquer
material orgânico ser susceptível de ser datado, sendo a amostra retirada com todo o cuidado para evitar qualquer contaminação, colocada em embalagens seladas, devendo o contexto da amostra ser também
Correctamente documentado (posição estratigráfica e associações).

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