quarta-feira, 18 de junho de 2008

beethoven




As numerações de Beethoven
"(...) Beethoven, sendo surdo idealizava uma música que nada teria a ver, concretamente, com a descrição científica do som. (...) Talvez por isso Beethoven insistisse tanto em comparar a música à filosofia, já que, para ele se tratava de uma mera abstracção, nunca passava de um mundo de ideias, nada mais do que ideias! (...) De facto Beethoven poderia decerto considerar-se um homem esclarecido e iluminado quando transportava no isolamento silencioso da sua vida os temas e as ideias das sinfonias, das sonatas ou dos quartetos, [no entanto],


alguém que traga permanentemente na cabeça melodias alvares, ritmos boçais ou conjugações musicais ocas de qualquer sentido, arrisca-se muito decididamente a transformar-se num mentecapto."
António Victorino d'Almeida, in Jornal de Letras 24 de Julho de 1993
Na numerologia de
beEthovan surgem alguns dos números usados por Mozart, tais como 3, 6 e 18, e de novo, as origens são parte cristãs e parte maçónicas. Tal como Mozart, se bem que em menor grau, Beethoven usou aqueles números inteiros para fixar o número de notas numa melodia e, mais frequentemente o número de compassos de um trecho. Mas o uso mais notável, que não se encontra em Mozart, surge na sua numeração de obras de um dado género e na atribuição a essas obras de números "bons". Deve sublinhar-se a palavra sua pois foi o compositor quem escolheu os números fazendo-o desde o inicio da sua carreira, ao contrário da prática comum de serem os editores a atribuir números às obras. As suas obras, quando listadas segundo aqueles números, não correspondem nem à ordem cronológica da sua composição nem à da sua publicação.
O período mais intenso da influência numerológica, em Beethoven, ocorreu no princípio dos anos 20 do séc. XIX quando tinha cinquenta e poucos anos.
Beethoven escreveu 32 sonatas para piano. As três últimas foram produzidas conjuntamente e numeradas opus 109-111 (111 é o número da trindade). Opus 111 desenvolve-se em função de 2, 3 e 32, de uma maneira notável. No primeiro andamento, aos 18 compassos de introdução segue-se o primeiro tema, apresentado de duas maneiras: a primeira frase tem 3+3 notas, repetidas uma vez, seguidas de 5+5 notas de novo repetidas, totalizando 32 notas.
Durante esses anos também trabalhou na sua principal obra religiosa, a "Missa Solemnis", que completou em 1823. Atribuíu-lhe o número Opus123 que, tal como a sucessão 1-2-3, proclamava a trindade cristã. A escolha deliberada de números confirma-se pelo facto de quando a enviou ao editor, ter passado à frente do número 122.
O uso de 3 ocorre em quase toda a obra. Existe uma organização tripartida em vários dos 5 andamentos, ou de partes importantes desses andamentos. Além disso, ainda o tema de abertura começa com 3 notas ascendentes e ouvidas 3 vezes.

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